domingo, 12 de setembro de 2021

A Sesmaria

A palavra sesmaria no tempo do governo imperial português significava a sexta parte de uma produção agropastoril. Assim se um produtor rural produzia seis garrotes em 1 ano, um animal era da coroa lusa. Se o dono do roçado colhesse 12 sacos de feijão em um ano, 2 sacos seriam pagos ao governo português. Teoricamente deveria ser assim. Porém o governo de Portugal queria era fixar o homem com sua família na terra até então inexplorada.

De posse do documento da terra a família empreendora se embrenhava sertão adentro énfrentando índios, feras, cobras venenosas, escassez de água e de alimentos. Uma vez escolhida a faixa de terra próxima a uma fonte de água, a família construía uma casa rústica de taipa e pau a pique, com chão batido de barro. Fazia em anexo curral de ramada. Pequenos açudes e os roçados cuja dimensão era dividido entre os familiares, com duas cinquenta da terra plantada para cada um membro da família, a fim de que todos tivessem participação nos lucros.

O gado bovino da raça mirandesa era quem trazia maior divisa financeira para os exploradores da terra. Pois do leite da vaca fazia-se queijo de coalho, já que um litro de leite mantém 3.33 por cento de proteína e para se fazer 1 quilo de queijo se gasta 10 litros de leite, esse produto bastante procurado contém 33 por cento de proteína. As mercadorias produzidas na fazendinha eram trocadas uma vez por mês no arruado, do povoado mais próximo. Por exemplo, se trocava 10 sacos de feijão por 1 garrote para cultivador. Também se trocava 1 cabra parida por 4 sacos de farinha de mandioca. Quase não existia dinheiro.

O nordeste brasileiro foi colonizado por sistemas de sesmaria, em que o primeiro almoxarife da coroa, Garcia Dávila emitia as vias de doação para os sesmeiros que incluía além de 2 cabeças de gado, animal de serviço, ferramentas para agricultura, mudas e sementes, uma égua de raça, um jumento grande, para produção de burro mulo.

Em Picuí PB nesse período foram emitidas mil e quatrocentas sesmarias, sendo as primeiras de nome Umburana, Caribeirinha, Várzea verde, Várzea Grande, Várzea da Cruz, Jerimum, Gagatos, Cauassu, Pinturas, Quixaba, Passagem, Volta e Gravatá. Canturaré, que no linguajar índio quer dizer "cantar das águas da enchente", em cuja quadrinha retrata a riqueza das águas das chuvas.

Como se diz "Canta, canta cantarola, venha ver o meu cantar, venha ver as águas das chuvas, encher o canturaré para depois nos plantar".

Heleno Henriques de Araújo.

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