Polígono das secas
Território mais prejudicado do Brasil
Picuí grande - Série reminescências 09
Ele compreende os estados da Bahia, Sergipe, Alagoas, Pernambuco, Paraíba, Rio Grande do Norte, Ceará, Piauí, Maranhão e parte do norte de Minas Gerais. Aqui chove em média por ano 400 a 600 mm e há regiões em que chove menos, causando um desabastecimento em gêneros alimentícios e água em quase 50% das previsões, pois chovendo de janeiro a junho, o restante do ano é estio total. Se houvesse irrigação e chuvas mais constantes o nordeste seria abundante em sua produção.
Sabe-se que um quilo de feijão de arranca possui 600 grãos, que planta 150 covas de feijão com 4 caroços cada que safreja 4 vagens de 5 grãos cada um. que na colheita com feijão batido nos terreiros das casas rurais obtem-se 3000 grõs de feijão que totalizarão aproximadamente após a quebra natural da colheita 6 sacos de 50 quilos cada.
Essa produção era transportada pelos produtores em lombo de burros mulos, animal híbrido do cruzamento da égua de raça com jumento grande, resistente às grandes caminhadas, ate chegar na capital do estado e adjacências, onde era vendido aos atacadistas. Após o descanso de dois dias, os animais voltavam carregados com tecidos, ferramentas de agricultura, rapadura, café, sal, sabão, querosene e fumo. Mercadorias que eram compradas pelo botqueiros de então.
Os tropeiros eram homens rústicos, destemidos que tocavam suas tropas do nascer ao pôr do sol. Alimentavam-se de paçoca que é feito com carne de sol assada, batida no pilão, misturada à farinha de mandioca branca e crua, queijo de coalho duro e rapadura, juntanso-se as proteínas da carne e do queijo ao carboidrato da rapadura, trazendo energias a esses desbravadores do sertão nordestino.
O que se vê hoje em dia é o não cumprimento da equivalência do produto o que significa plantar 10 quilos de feijão e na colheita vender a mesma quantidade de mercadoria pelo preço que fora comprado. O excesso da produção faz o preço cair absurdamente desvalorizando as mercadorias ofertadas e diminuindo grandemente o luvro do produtor rural.
Até 1950 encontrava-se facilmente glebas rurais produzindo uma agricultura de culturas consorciadas com feijão, arroz, milho, batata doce, jerimum e melão, que somados à produção de 8 a 10 cabeças de gado, fazia com que o homem do campo tivesse um bom lucro financeiro ao ponto do mesmo, de 3 em 3 anos, comprar uma casa residencial no povoado mais próximo para nas festas do padroeiro, na noite de Natal, levar sua família para se divertir na vila.
A Sudene que foi criada para atender o pequeno produtor rural tornou-se ao longo dos anos a mentira mais fantasiosa do nordeste, patrocinando grandes empréstimos a grandes empresários, procedimentos que não constavam de sua carta de fundação. Esperamos que a transposição das águas do Rio São Francisco amenize o sofrimento do povo nordestino, pois na colonização daqui quem possuía 10 cabeças de gado era considerado um homem rico.
Heleno Henriques de Araújo.
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