sábado, 25 de setembro de 2021

Atos oficiais que criaram o munícipio de Picuí

Picuí Grande - Série Reminiscências 05

Atos oficiais que criaram o munícipio de Picuí

Sesmasia 50 - Criando o arruado do arraial do Rio Acauhan.

Decreto 232 do presidente da provincia da Paraíba José Peregrino de Araújo de 27 de fevereiro de 1904, criando o munícipio de Pucuhy, que já nasceu grande agregando os povoados de Caboré, Jerimun, Pedra Lavrada, Santo Antônio, Canoas, Barra de Santa Rosa, Damião, Algodão de Jandaira, Sossego, Baraúnas, Olho dÁgua das onças. Nesse mesmo decreto instalou oficialmente no dia 9 de março de 1904 o municipio de Picuí, empossando a primeira junta governativa composta pelos senhores Manuel Lucas de Macedo, Pedro Henriques da Costa e Pedro Celestino Dantas. a qual governou até 31 de dezembro de 1904, quando foram realizadas eleições gerais.

Lei 876 elevando à condição de vila o povoado de Picuí, assinada em 27 de novembro de 1888.

Lei 599 elevando a condição de cidade a vila de Picuí. Assinada em 18 de março de 1924.

Lei 212 criando a comarca de Picuí assinada no dia 24 de novembro de 1924.

Lei provincial 440 criando a freguesia de São Sebastião do Triunfo assinada no dia 18 de dezembro de 1871.

Lei 1549, quando na instação do governo Tomé de Souza, até 1850 ano da lei do ventre livre o Brasil importou 5 milhões de africanos, para trabalhar nas atividades agropastoril, ressalte a grande contribuição da mão de obra escrava deu na construção das fazendinhas do lugar.

Heleno Henriques de Araújo.

sábado, 18 de setembro de 2021

Galinhada à Tabajarina

Picuí Grande Série Reminiscências 04
Galinhada à Tabajarina
Para 10 pessoas

Modo de Preparo:
Corte uma galinha antiga de 3,5Kg, no osso e com a pele em 24 pedaços. Tempere fortemente com sal, cuminho, alho, cebola, pimentão e coentro verde. Faça um fundo forte de panela com 2 xicaras de chá de manteiga da terra. Refogue 2 cebolas médias e 1 cabeça de alho, 2 pimentões verdes, 1/2 maço de coentro verde, tudo picadinho, junto com 1/2 kg de toucinho defumado (bacon).  Acrescente os pedaços da galinha com osso e com pele, adicionando 1 litro de água, tampando a panela por 20 minutos, mexendo sempre.

Em uma panela separada a frio, faça o seguinte molho: Machuque com uma colher de pau 15 frutas do tipo umbu, no estágio inchado, machucando-os com a casca e o caroço. Acrescente 5 xicaras de chá de nata salgada. Duas colheres de cuminho em pó, 2 colheres de mel de abelha, misturando bem esses produtos, colocando essa misturação para dentro da panela da galinha, deixando cozinhar em fogo lento por 30 minutos. Acompanha 1 kg de arroz da terra, feito com 300g de castanha de cajú assada, passada no pilão e ligado levemente com angú de queijo fresco. Sirva-se quentíssimo.

Receita número 3 do caderno de receitas da matriarca Clementina Bertholdina da Conceição, esposa do produtor rural Manuel Henriques da Costa cujo casamento aconteceu no ano de 1857 na igreja de Nossa Senhora das Mercês, em Cuíte PB, cidade de origem da noiva. Residiram por 50 anos na Fazenda Volta e tiveram 8 filhos.

Esse prato domingueiro originalmente era feito com carnes de caça como inhanbú ou pato selvagem ou galinha d´agua. Arquivo de Dona Benedita Henriques dos Correios.

Heleno Henrique de Araújo.

domingo, 12 de setembro de 2021

A Sesmaria

A palavra sesmaria no tempo do governo imperial português significava a sexta parte de uma produção agropastoril. Assim se um produtor rural produzia seis garrotes em 1 ano, um animal era da coroa lusa. Se o dono do roçado colhesse 12 sacos de feijão em um ano, 2 sacos seriam pagos ao governo português. Teoricamente deveria ser assim. Porém o governo de Portugal queria era fixar o homem com sua família na terra até então inexplorada.

De posse do documento da terra a família empreendora se embrenhava sertão adentro énfrentando índios, feras, cobras venenosas, escassez de água e de alimentos. Uma vez escolhida a faixa de terra próxima a uma fonte de água, a família construía uma casa rústica de taipa e pau a pique, com chão batido de barro. Fazia em anexo curral de ramada. Pequenos açudes e os roçados cuja dimensão era dividido entre os familiares, com duas cinquenta da terra plantada para cada um membro da família, a fim de que todos tivessem participação nos lucros.

O gado bovino da raça mirandesa era quem trazia maior divisa financeira para os exploradores da terra. Pois do leite da vaca fazia-se queijo de coalho, já que um litro de leite mantém 3.33 por cento de proteína e para se fazer 1 quilo de queijo se gasta 10 litros de leite, esse produto bastante procurado contém 33 por cento de proteína. As mercadorias produzidas na fazendinha eram trocadas uma vez por mês no arruado, do povoado mais próximo. Por exemplo, se trocava 10 sacos de feijão por 1 garrote para cultivador. Também se trocava 1 cabra parida por 4 sacos de farinha de mandioca. Quase não existia dinheiro.

O nordeste brasileiro foi colonizado por sistemas de sesmaria, em que o primeiro almoxarife da coroa, Garcia Dávila emitia as vias de doação para os sesmeiros que incluía além de 2 cabeças de gado, animal de serviço, ferramentas para agricultura, mudas e sementes, uma égua de raça, um jumento grande, para produção de burro mulo.

Em Picuí PB nesse período foram emitidas mil e quatrocentas sesmarias, sendo as primeiras de nome Umburana, Caribeirinha, Várzea verde, Várzea Grande, Várzea da Cruz, Jerimum, Gagatos, Cauassu, Pinturas, Quixaba, Passagem, Volta e Gravatá. Canturaré, que no linguajar índio quer dizer "cantar das águas da enchente", em cuja quadrinha retrata a riqueza das águas das chuvas.

Como se diz "Canta, canta cantarola, venha ver o meu cantar, venha ver as águas das chuvas, encher o canturaré para depois nos plantar".

Heleno Henriques de Araújo.

sábado, 4 de setembro de 2021

Padre Barros e o garrote das pinturas

Padre Barros e o garrote das pinturas
Barrinho foi um padre elitista que comandou a Igreja de Picuí por 25 anos. Filho do casal de fazendeiros José Joaquim de Barros e Dona Maria Rosa Cunha, ele nasceu em 1912, na fazenda Cabeça de Boi, no Município de Picuí e se ordenou sacerdote na Igreja Católica no ano de 1933. Trabalhou nas paróquias de Cabedelo, Campina Grande, Cabaceiras e Cuité. Em 1958 assumiu a paróquia de São Sebastião na sua terra natal, tendo falecido em 1983.

Padre Barros quando seminarista viajava a cavalo da fazenda de seu pai até a cidade de Alagoa Grande, onde tomava o trem para chegar a João Pessoa onde estudava no seminário arquidiocesano da Paraíba.

Padre José da Cunha Barros gostava de tudo o que era bom, principalmente do menu do almoço do dia de domingo, que era repleto de queijos importados, pães italianos, assados variados ricamente guarnecidos com arroz feito com quirelas de castanha de cajú. uvas passas e farofa de ameixas, tendo como sobremesa frutas silvestres da região.

A sua vida santa, de conduta inatacável, foi dedicada totalmente à evangelização das pessoas que moravam em Picuí e nas cidades circunvizinhas, cujas paróquias eram subordinadas ao nosso conterrâneo Padre Barros.

Conta-se que certa festa de janeiro ao sentar-se à mesa para almoço de domingo, o padre que não gostava de ser incomodado na hora da refeição foi avisado pela governanta da casa de que um paroquiano havia trazido de presente para leilão de São Sebastião um bonito garrote do Sítio Pinturas, todo ornamentado com fitas coloridas da época natalina. Segundo a moça que servia o almoço ao religioso era um animal muito bonito que renderia boa quantia para as festas do padroeiro. Padre Barros levantou-se rapidamente da mesa e foi receber o gentil presente do homem do campo. E qual não foi a sua surpresa quando constatou ser um animal feito de madeira de lei.

O feliz ofertante foi rispidamente repreendido pelo religioso que falou:

- O senhor me incomodar na hora do almoço para me dar de presente um garrote feito de tábua de baixa categoria!
 
O rurícola terminou a conversa com o padre afirmando:

- Me disseram que o senhor tinha uma coleção de garrotes de madeira.

No que o padre completou, desgostoso diálogo:

- O senhor conseguiu estragar o meu almoço de domingo!

Heleno Henriques de Araújo.   

sexta-feira, 3 de setembro de 2021

Poema Bodas de Ouro

Poema Bodas de Ouro
A minha eterna enamorada Terezinha

Quando em 1963 apareceste em minha vida
Parecias uma princesa, cravejada de beleza
Que a natureza lhe dera
Brotando um amor quase de fera, verdadeiro, aguerrido
Galanteios eram recebidos, mas só a mim tu querias

Dando-me três filhos, três tesouros
Que formados na universidade se aproximaram do ouro
Dando-lhe sustentáculos reais a esse abençoado casamento de Bodas de Ouro

De Maitre Heleno Henriques de Araújo