sábado, 8 de janeiro de 2022

Quem Eram os Tropeiros do Nordeste Brasileiro?

 Picuí grande - Série reminescências 11

Quem Eram os Tropeiros do Nordeste Brasileiro?

Eram rapazinhos de 15 a 18 anos que espelhados no trabalho de bravura de seus pais e de seus irmãos, logo cedo enveradavam pela profissão de tocar a tropa, transportando mercadorias como feijão, milho, carne de sol, charque, couros cortidos de boi, do seridó até a Vila Nova da Rainha, hoje Campina Grande, cujos produtos eram entregues ao comerciante de vendas à grosso, sendo que os tropeiros descansavam por dois dias> Depois voltavam carregados com tecidos, café, rapadura, sal, sabão e querosene.

As caminhadas longas e duríssimas começavam às cinco horas da manhã, com três homens na comitiva, carregando os burros-mulos besteiro, cada um animal levando nas gangalhas 2 sacos de 40kg fortemente amarrados, encobertos com couros curtidos de boi para fugir do sol e da chuva. O café da manhã era composto de cuscuz e café com rapadura. Na frente da tropa ia o dono dos animais, montado em um burro-mulo forte, sendo que os demais burros seguiam o caminho do dono da tropa.

No meio da tropa ia o ajudante do dono da empreitada, montado em um burro-mulo forte que controlava os animais em caminhada. Na retaguarda caminhava o tropeiro cozinheiro, com os alimentos dos humanos acondicionadas em sacolas de couro e o milho que era dado toda parada de almoço em mochilas próprias, com 1kg para cada animal. O almoço era composto do famoso feijão tropeiro que era uma iguaria feito farofa, com linguiça defumada e em separado a preferida paçoca que era feita com carne de sol e charque desfiado. Ao pôr-do-sol a tropa se arranchava nas aguadas que eram espécies de pousada para homens e animais repousarem e se alimentarem, para no outro dia ao quebrar da barra já estarem caminhando novamente.

Os homens andavam fortemente armados com a peixeira, com fação e um revólver tipo parabelum, pois era comum nesse tempo existirem no sertão onças pardas, cobras venenosas e até índios. Um ponto alto dessa história eram os dois cachorros que acompanhavam a tropa. Um cachorro passarinheiro caminhava na frente do dono da tropa, detectando possíveis irregularidades para os caminhantes. O outro cachorro vinha na retaguarda dando proteção ao burro-mulo que carregava os apetrechos do cozinheiro.

O salário ganho pelo tropeiro era o suficiente para abastecer a sua casa de família pois esses homens geralmente casavam muito jovens pois aprendiam logo cedo pegar o bezerro pelo mocotó e a montar em burros brabos afim de amansá-los para a tarefa que transcrevemos. Eram homens bravos e destemidos que transportavam a riqueza do sertanejo e voltavam carregados com mercadorias manufaturadas de primeira necessida. Salve os velhos tropeiros do nordeste brasileiro.

Heleno Henriques de Araújo.

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