terça-feira, 8 de setembro de 2009

Carne de Sol Nordestina

OS MELHORES PRATOS DA COZINHA BRASILEIRA 03 – A CARNE DE SOL NORDESTINA
Texto do Maitre Heleno H De Araújo - Do Club Do Gourmet da Paraíba

O churrasco de caças é bíblico. A Carne de sol nordestina é um dos mais notáveis churrascos da gastronomia americana e mundial. Ela é a terceira melhor sugestão da cozinha verde-amarela. No século XVII, o Seridó, região que no meio do mapa compreende o atual sul do Rio Grande do Norte e o norte da Paraíba, começou a existir através de alvarás imperiais que criaram a Vila Nova do Príncipe (Caicó), Vila Nova da Princesa (Açu), e Vila Nova da Rainha(Campina Grande).Antes dessas criações no século XVI, já existiam criadores de gado lá enviados pelo almoxarife da coroa portuguesa Garcia D'Ávila que trouxe para a Bahia boiadas de gado mirandês, bovinos selvagens capturados pêlos portugueses na região limítrofe entre Portugal e Espanha. No vale do Açu a pecuária prosperou tanto que foram criadas charqueadas, produzindo um bom charque, produto menos duro que a Carne Seca. Já em 1635 existia registro de que "O gado do Rio Grande do Norte sustentava com o imposto pago, as capitanias de Pernambuco, Itamaracá e Paraíba"". Esse imposto vinha da Carne de Sol que era transportada do Seridó, em tropas de burros mulo, para ser vendida nas feiras da Vila Nova da Rainha (Campina Grande), na da cidade de Frederica e no Recife. Acari até então pequeno povoado centralizava grandes fazendas de gado. Uma guia de trânsito da Exatoria da Coroa, de 1711, tinha a seguinte descrição : o matuto Alexandre Menino do povoado de Acari transporta 36 arrobas de carne de sol em seus burros mulo, para a Vila Nova da Rainha. Esses tropeiros levavam grandes quantidades de Carne de Sol para Campina Grande, João Pessoa e Recife, a vendia e voltavam carregados com querosene, sabão, café, fumo, tecidos e mercadorias agro-pecuárias; nascia então a Carne de Sol precedida da civilização do couro aqui do nordeste brasileiro. Afirmo com a maior das convicções que a Carne de Sol foi criada entre o Centro-Norte da Paraíba, nas cidades de Pocinhos e Picuí e o Seridó norte-rio-grandense nas cidades de Caicó, Acari , Cruzeta, Jardim, Parelhas e Currais Novos.
Para se produzir uma boa Carne de Sol abate-se o boi na Quinta-feira cedinho abre-se a carne em mantas grandes, salgam-se levemente (O Charque é prensado com bastante sal) e quando as mantas tomarem o sal a carne é posta a tomar sol em varais de madeira pelas 11:00 H e fica exposta ao vento até a boquinha da noite, pelas 18:00 H. Depois é recolhida e no outro dia vendida nas feiras livres de todo o interior nordestino.
Para se preparar uma boa Carne de Sol procede-se da seguinte maneira : limpa-se a manta, retirando algumas pontas e os nervos (quebra de 15% a 20%) corta-se em pedaços graúdos de 300 a 400 gramas. Põem –se esses pedaços de carne de molho na água fria pôr duas horas. Joga-se fora a água e colocam-se os pedaços de Carne de Sol novamente de molho agora com leite de vaca pôr três horas. Joga-se fora o leite, lava-se a carne em água fria e coloca-se à assar na brasa ou em forno forte, regando sempre com a manteiga de garrafa, espécie de azeite nordestino. A Carne de Sol nordestina acompanha feijão verde( trazido da China pêlos holandeses) Macaxeira, produto índio nordestino, farofa matuta (feita com farinha de mandioca, produto índio nordestino) arroz escorrido, pirão de queijo ( da cozinha sergipana) manteiga de garrafa líquida e molho de verduras frescas. A Paçoca é uma iguaria também da Carne de Sol. Consiste em si imprensar em um pilão de aroeira com uma mão de pilão, Carne de Sol assada, farinha de mandioca branca e crua, manteiga de garrafa, cebola roxa, coentro verde, até que a Carne de Sol fique como se fora desfiada.
Receita para dez pessoas.
05 kgs de Carne de Sol de primeira – 02 Kgs de feijão verde – um kilo de arroz – 02 Kilos de Macaxeira – Um kilo de farinha de mandioca – 500 gramas de Cebola – 500 gramas de tomate – 250 gramas de pimentão verde – 100 gramas de alho – um macinho de coentro verde – 200 ml de manteiga de garrafa – 50 ml de vinagre tinto.

Felicidades leitor, na preparação de sua Carne de Sol nordestina

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