sábado, 9 de outubro de 2021

As abençoadas raças bovinas que enriqueceram o nordeste brasileiro.

Picuí Grande Série Reminiscências 06

As abençoadas raças bovinas que enriqueceram o nordeste brasileiro.

Tudo começou quando em 1549 Portugal empossou o primeiro governador geral do Brasil Tomé de Souza, que trouxe consigo uma grande equipe com destaque para o primeiro almoxarife do Brasil, o Seu Garcia D´Avila que tinha as atribuições de emitir títulos de posse das sesmarias relacionando as doações do império luso aos sesmeiros, tais como gado bovino, animais de carga, criações miúdas, sementes e mudas para que os projetos fossem adiante.

Com as caravelas vieram as primeiras cabeças de gado da raça mirandesa, que eram distribuídas entre os donos das sesmarias. Era um gado de pequeno porte, pelagem amarelada, que se adaptou perfeitamente às pastagens do nordeste. O macho adulto pesava não mais do que 20 arroubas e a fêmea alcançava a produção diária de 4 litros de leite, o suficiente para criar o seu bezerro.

Com a invasão holandesa no estado de Pernambuco quando Maurício de Nassu importou dezenas de reprodutores da raça holandesa para melhorar a genética dos animais aqui existentes. Principalmente para operacionalizar as moendas das usinas de cana de açúcar. E o cruzamento da primeira com a segunda raça surgiu um animal mediano de pelagem preta apelidado de gado pé duro, despertando o interesse dos ruralistas em incentivar o cruzamento melhorando os ganhos financeiros da pecuária.

Em 1808 com a chegada do rei Dom João VI ao Brasil, ele trouxe enormes bois da raça caracu para puxar as carruagens imperiais. Animais de pelagem amarelo caramelado, despertou pouco interesse dos criadores em reproduzi-lo.

Em 1896 o selecionador de gado Assis Brasil interessado no índice de produtividade importou as primeiras cabeças de gado Jersey da ilha do mesmo nome encravada entre a Inglaterra e a França. Animal pequeno, a fêmea consumia a metada da forragem da vaca holandesa e produzia a mesma quantidade de leite diária, sendo que o índice de gordura desse produto era superior ao leite das concorrentes, o que fazia com que a vaquinha Jersey se tornasse uma excelente produtora de queijos.

Em 1918 o pecuarista Eliseu Camargo trouxe do cantão Xuite na Suiça dezenas de reprodutores da raça Pardo Suiço, que é um animal bastante graúdo bom de corte e de produção de leite. Por fim em 1950 a próspera Uberaba importou 60 animais da raça Zebu, como o Nelore, Guzerá e Gir, cujo cruzamento tricross gerou a primeira raça de gado brasileira que foi a InduBrasil.

Assim criou-se uma historiografia própria da vida de gado que na pia batismal do sertão obedece aos seguintes parâmetros: bezerro de 1 ano, garrote de 2 anos, novilhote de 3 anos, novilha de primeira cria de 4 anos, toureco e boi de lote de 5 anos. Lembrando que a primeira vaquejada que se tem noticia no Brasil aconteceu em 1874 na região dos Currais Novos.

Heleno Henriques de Araújo.

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